Perversão: uma perspectiva psicanalítica sobre as nuances dos desejos desviantes
Resumo
A palavra Perversão foi utilizada em demasiados contextos, dos quais sua referência era utilizada a partir da abrangência de uma série de comportamentos sexuais que não condiziam com a aceitação da sociedade ao decorrer dos anos. Nesse sentido, perversão se confundia com comportamentos socialmente negativos. A Psicanálise, campo de saber criado por Sigmund Freud e que tem como foco os conflitos inconscientes do sujeito, ao lidar com esse fenômeno altera sua compreensão. Essa ciência faz sua concepção sobre a perversão, intitulando-a como sendo uma estrutura, de caráter psicológico. Para tanto, Freud retoma os conflitos e dinâmicas infantis, que origina e define a estrutura perversa, através de mecanismos próprios, tendo efeitos por toda a vida do sujeito, inclusive se estendendo até a vida adulta. Na compreensão freudiana, a escolha estrutural não é consciente, sendo resultado de diversos fatores que compõe a dinâmica psíquica, envolvendo as relações familiares e sociais do sujeito. Dessa forma, o conceito da palavra perversão
ganha um viés psicanalítico que colaborou fortemente para a utilização do termo para além da compreensão típica de associá-la à violência ou comportamentos repreensíveis no geral, estando ligado a uma forma íntima de funcionamento psíquico. Entretanto, em muitas situações ele ainda é utilizado de forma equivocada como forma de patologizar comportamentos estigmatizados.